Anna, The Driver #3
- Estava pesado - disse a Anna.
Estava sentada na esplanada de um café e estava tanto frio, que se notava o bafo de ar quente que acompanhava as suas palavras.
- Como assim, estava pesado? - perguntou a Jo.
A Jo era aquele tipo de mulher que tem tudo controlado, as coisas corriam-lhe bem, ela esforçava-se, e o esforço dela era recompensado. Ela fazia planos, organizava-se e fazia acontecer. Se houvesse uma vida perfeita, essa vida era da Jo, e ela era mesmo uma ótima pessoa, a genuinidade na forma como ela queria compartilhar o seu mundo fantástico com os outros era incrível.
- Muito pesado, como se estivesse a ferver, não sei. Aliás, como se alguém tivesse adicionado pesos ao meu peito, sem eu me aperceber.
- Anna, isso não faz sentido nenhum. O que é que isso tem a ver com conheceres pessoas novas?
- Eu não gostei. Não é uma sensação agradável.
- Ninguém gosta, nunca é agradável, mas foi uma má experiência. Pode correr bem desta vez.
- Pode correr mal.
A Anna teve um desgosto amoroso em toda a sua vida, também, ela só tinha tido uma hipótese para isso. Foi uma situação extremamente cliché: ele não gostava dela e, enfim, ela gostava dele.
O que se faz numa situação em que o teu coração pesa uma tonelada e tudo aquilo que queres fazer está na lista de coisas proibidas a fazer? A Anna descobriu que podes tentar tudo: gritar, espernear, chorar, fazer coisas da lista de coisas proibidas, comer quilos de chocolate, exercício, dedicares-te ao trabalho, enfim, uma série de coisas, que, na verdade, não ajudam em nada. Até que um dia, desapareceu. E nem notamos que desapareceu, de repente, tudo volta ao peso certo. Mas ela não queria repetir todo o processo de novo.
- Pois pode, pode tudo correr mal. Cada decisão que tu tomas na tua vida pode correr mal, mas também pode correr bem, todas as vezes. É isso que te faz estar viva: emoções. As emoções más fazem parte, a dor faz parte. Mas é tão pior perderes algo que podia ser bom por medo, Anna.
- Ah, Jo, tu és inspiradora, mas eu sou um caso perdido - disse ela, dando o último gole no seu chocolate quente.
-
Estava sentada na esplanada de um café e estava tanto frio, que se notava o bafo de ar quente que acompanhava as suas palavras.
- Como assim, estava pesado? - perguntou a Jo.
A Jo era aquele tipo de mulher que tem tudo controlado, as coisas corriam-lhe bem, ela esforçava-se, e o esforço dela era recompensado. Ela fazia planos, organizava-se e fazia acontecer. Se houvesse uma vida perfeita, essa vida era da Jo, e ela era mesmo uma ótima pessoa, a genuinidade na forma como ela queria compartilhar o seu mundo fantástico com os outros era incrível.
- Muito pesado, como se estivesse a ferver, não sei. Aliás, como se alguém tivesse adicionado pesos ao meu peito, sem eu me aperceber.
- Anna, isso não faz sentido nenhum. O que é que isso tem a ver com conheceres pessoas novas?
- Eu não gostei. Não é uma sensação agradável.
- Ninguém gosta, nunca é agradável, mas foi uma má experiência. Pode correr bem desta vez.
- Pode correr mal.
A Anna teve um desgosto amoroso em toda a sua vida, também, ela só tinha tido uma hipótese para isso. Foi uma situação extremamente cliché: ele não gostava dela e, enfim, ela gostava dele.
O que se faz numa situação em que o teu coração pesa uma tonelada e tudo aquilo que queres fazer está na lista de coisas proibidas a fazer? A Anna descobriu que podes tentar tudo: gritar, espernear, chorar, fazer coisas da lista de coisas proibidas, comer quilos de chocolate, exercício, dedicares-te ao trabalho, enfim, uma série de coisas, que, na verdade, não ajudam em nada. Até que um dia, desapareceu. E nem notamos que desapareceu, de repente, tudo volta ao peso certo. Mas ela não queria repetir todo o processo de novo.
- Pois pode, pode tudo correr mal. Cada decisão que tu tomas na tua vida pode correr mal, mas também pode correr bem, todas as vezes. É isso que te faz estar viva: emoções. As emoções más fazem parte, a dor faz parte. Mas é tão pior perderes algo que podia ser bom por medo, Anna.
- Ah, Jo, tu és inspiradora, mas eu sou um caso perdido - disse ela, dando o último gole no seu chocolate quente.
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