Anna, The Driver #4

Antes de mais, é importante referir que a Anna tem muito medo de cães.
Era uma segunda-feira, e ela tinha passado a manhã a trabalhar. Como tinha corrido bem, decidiu ir almoçar a um café, junto a um jardim enorme com vista para o rio. Como era normal, estava muito frio, mas ela preferiu sentar-se na esplanada, havia algo no ar gelado que lhe transmitia um sensação de calma e conforto. Pediu um hambúrguer, uma dose extra de batatas fritas e um limonada com gelo. Enquanto comia, observava vários casais a passear de mãos dadas no jardim, alguns estavam a rir-se como miúdos, outros estavam em silêncio, crianças que corriam de um lado para o outro, deixando as calças verdes, na zona dos joelhos, pessoas que se faziam acompanhar pelos cães ou os pássaros a sobrevoar o rio, reparando que, por vezes, um ou outro, se aproximava da água e regressava com um peixe. Viu as notícias, rapidamente, no telemóvel e voltou ao trabalho.
O dia decorreu sem incidentes, foi um dia normal, como todos os outros. No fim, ao voltar para casa, como era habitual, parou junto ao "The Garden", o seu café favorito, e entrou para pedir um latte. Quando voltou, estava um homem, com um cão, parado junto ao táxi, a pedir para entrar. Olhei para o cão, arregalando ligeiramente os olhos, como quem diz "Estás mesmo a pedir que finja que esse monstrinho gigante não me pode arrancar o braço à dentada e o leve à solta no meu carro?".
- Eu sei, eu sei. Mas eu pago o dobro, é uma emergência! Ele com o cinto não se mexe.
- O triplo - fitei-o.
- Sim, o triplo - disse ele enquanto abria a porta do carro e o cão rapidamente se enfiava no banco de trás.
Ele aparentava estar calmo, mas nesta última frase que proferiu, deixou transparecer algum nervosismo. Disse-me a morada, apressadamente.
- Isso é onde fica a bolsa da cidade?
- Sim, sim - respondeu, agarrado ao telemóvel, pressionando os dedos contra o ecrã freneticamente.
Parei num semáforo vermelho e ele levantou a cabeça.
- Não posso passar os vermelhos - disse com calma.
Ele voltou a baixar a cabeça.
- Então, como é que ele se chama?
- Fitz.
Eu não sei como é que aconteceu, nem o que aconteceu, mas de repente só vi um cão em cima de mim (sim, era estilo Husky), depois um parede e, depois, o carro na parede. Acho que soltei um grito a meio, mas pode não ser verdade.
- Porra! - gritou, com alguma agressividade no tom de voz - Foi só uma pancada, ele ainda anda. Vai. Eu pago os estragos - Fez um pausa, que me deu tempo para pensar no quão ridícula estava a ser aquela situação - Sabes, Fitz? - gritou para o cão - Porra para ti.










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